segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O sumiço e o retorno


Penso no meu blog todos os dias. Cada dia me vem na cabeça uma situação para eu poder transformá-la em texto. Mas a preguiça ultimamente tem me sugado. Sugado mesmo. Não vou dizer que é o excesso de trabalho porque o ritmo está o mesmo da última vez que escrevi. Sumi, mas voltei, e será sempre assim. E como não poderia ser diferente, neste período muitas situações aconteceram. Mas será que consigo escrever uma crônica? Vou simplesmente deixar o sentimento correr, e como costumo fazer, sem revisão.

A viagem

A Confederação Brasileira de Bodyboarding sempre faz convites aos repórteres dos principais jornais do Espírito Santo para fazer cobertura das etapas do Brasileiro e do Mundial no Brasil. Eu já tive a oportunidade de fazer cobertura até em Salvador, na Bahia e em Búzios, no Rio. No final do mês de julho, fui parar em Campos dos Goytacazes, litoral Norte do Rio de Janeiro, mas precisamente na Praia do Farol de São Thomé. Gente que engraçado. A cobertura foi ótima, mas voltei com mordida de mosquito até na cabeça, hauhauha. Mas adorei. O capixaba Hellinton Loureiro venceu a etapa, e foi o nome da vez. Mas lá estavam Neymara Carvalho, Naara Carolyne com a filhota lindona Pietra, Maylla Venturim, entre outras feras do Estado. A cidade é calminha, a praia feroz, teve até um festival de forró, com Dominguinhos.

A motivação

Após a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo 2010, fiquei triste e pensativa. No início de agosto o ânimo voltou, o motivo: Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica e Artística em Vitória. Um show de cobertura do jornal. Eu me empolguei com o meu trabalho, motivada por uma modalidade atraente, que conta com atletas de nome mundial, como Diego e Daniele Hypolito e Jade Barbosa, além é claro dos capixabas. Foi um gás. Entrevistas exclusivas, dando um olé nas coletivas e concorrentes, fatos emocionantes para uma jornalista empolgadíssima como eu, tipo ficar “amiga” do Diego Hypolito a ponto de ser denominada a cuidar do celular do atleta. Um máximo! Virei uma assessora particular, como disseram minhas amigas de redação Sandrine Luchi e Kadidja Fernandes. Foram cinco dias de muito trabalho e muita empolgação.

A amizade

Dez dias seguido de trabalho. Uma folga dupla durante a semana. Um namorado de férias. Uma viagem para Macaé de dois dias. Rever os amigos, fazer comprinhas baratinhas, tirar fotos, passeios nas cidades mais próximas. Horas antes de voltar, pifou o carro sem seguro. Iiiii agora? Um suador, está escurecendo. Liga pra lá, chama alguém. Moral: os amigos são os irmãos que Deus nos permitiu escolher. Quando você menos espera uma mão amiga te apóia.

A proposta

Às vezes não arriscamos apenas por medo, mas para preservar aquilo que achamos que temos de melhor. Que Deus me guie ao caminho certo. Do trabalho, das oportunidades e dos bons frutos. Obrigada meu Deus.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O telefonema

Ontem, no meu aniversário, eu passei o dia todo esperando uma ligação de uma pessoa que um dia fez parte do meu ciclo verdadeiro de amizades. Eu não esperei as outras ligações ou torpedos porque eu tinha certeza que iria recebê-los, como aconteceu. Logo cedo, antes mesmo de levantar da cama, meu celular tocou. Foram inúmeras ligações, mensagens e demonstrações de carinho. Durante o dia, no trabalho, o mesmo carinho. À noite, junto com o namorado, ao encontrar meus amigos em um momento de reflexão na mesa do bar pensei:
“O que eu quero e preciso está aqui. O que me faz bem, alimenta meu coração e minha alma está aqui. Aqueles que não puderam estar me ligaram, desejando as melhores coisas da vida e lamentando a ausência”.

Ai eu percebi que se alguém sai da minha vida, mesmo sem eu querer e tentar impedir, quem perde é a própria pessoa. Com os meus amigos eu aprendi o amor, a amizade, o companheirismo e a solidariedade. Mesmo quando estamos um pouco distantes este elo não acaba, porque é verdadeiro.
Como costumo dizer sempre, todos nós temos as nossas diferenças e opiniões diferentes. Mas não vale a pena perder tempo na vida com sentimentos ruins. O amanhã é incerto e talvez a oportunidade de voltar atrás, de querer fazer diferente ou de manter todas as amizades fervorosas em nossa vida, possa surgir tarde.

O telefonema, a mensagem, o recado, o e-mail não veio, mas e daí, tantas outras melhores e mais importantes manifestações de carinho e amor vieram que Deus falou no meu ouvido: “Não se preocupe. Os seus amigos são os melhores do mundo, eles te provam isso todos os dias”. E como todos sabem, Deus sabe de todas as coisas.

Obrigada pelo dia maravilhoso que vocês, que estão lendo este texto agora, me proporcionaram. Me desculpe minha ausência em alguns momentos, mas tenham certeza quando for preciso estarei aonde vocês quiserem.

domingo, 20 de junho de 2010

O homem e o trabalho

Esta semana me olhei no espelho e pensei, preciso cortar minha franja, está grande, meu aniversário está chegando e quero estar com um novo corte de cabelo. Logo em seguida olhei para os meus olhos, os mesmos olhos que são os espelhos da alma. Vi uma imagem diferente. Eles estavam vermelhos, as olheiras se destacam mais do que qualquer outra coisa no meu rosto. Ainda no banheiro, de frente ao espelho, pensei, mais uma vez, como estou cansada, estressada...

Assim como todo mundo tenho dias bons e dias ruins. Será que estou trabalhando demais? Mas o que é trabalhar demais? Trabalhar todos os sábados? Três domingos em um mês? Nos feriados? Mas e ai? Quantos fazem isto também? Quantos fazem muito mais do que isto? Quantos como eu estão trabalhando no mesmo momento que a nossa Seleção Brasileira joga rumo ao Hexa, na Copa do Mundo 2010? Às vezes é difícil, o cansaço bate. Às vezes tenho uma semana mais pesada do que a outra. Às vezes o dinheiro acaba mais rápido. Às vezes o mau humor é maior do que a esperança de um dia melhor.

Mas é só passar o momento de questionamento que surge uma outra sensação. A de alívio. Alívio de ter saúde, trabalho, estudo, amigos, família, de ter uma vida confortável. Uma vida em que me proporciona colher ótimos frutos, de guardar lembranças inesquecíveis e de querer trabalhar muito mais para viver muito mais.

Este despertar aconteceu ontem. Na verdade hoje. Era madrugada de sábado para domingo. Quase 2 horas da manhã. Eu tinha ido curtir a noite de sábado em uma boate com o namorado e alguns amigos. No domingo eu só entrava na redação às 14 horas e no sábado a jornada se encerrou às 21h30, então dava parar aproveitar a noite. Aproveitei. Depois da diversão bateu a fome. Fomos lanchar em um bar/restaurante novo na Praia do Canto. Enquanto esperava ansiosa pela comida, surgiu um senhor. Estava frio, e ele estava de chinelos, calça e blusa de mangas curtas. Vendia essência para carros e banheiros. Aos poucos, humildemente, ele se aproximava das mesas e oferecia seu produto. Pelo que percebi ninguém comprou. Eram mais de 2 horas da manhã. Naquele momento, meu coração apertou, como agora ao escrever este texto. Tentei observá-lo para saber aonde ia, se ainda daria tempo de ajudá-lo. A fome passou. Uma simples coxinha acabou com ela. O senhor sumiu no meio das pessoas que estavam na rua. Ele só estava trabalhando. Apenas buscando pelo pão de cada dia. Pelo sustento, quem sabe de uma família.

Minutos depois uma criança se aproximou. Um pequeno adolescente. Ele vendia chicletes, mas eu não masco chicletes. Quanto que é? Dois reais. Trocado na minha carteira eu só tinha uma moeda de um real. Dei a ele. Ele ficou me olhando e eu disse, pode ir, não preciso do chiclete. O que ele vai fazer com a moeda eu não sei, mas era de madrugada, ele não deveria estar ali. Trabalhando naquelas condições. Mas assim como o senhor, o pequeno adolescente trabalhava em busca de uma vida melhor.

Ai eu volto aos meus pensamentos e agradeço a Deus, por ter um trabalho, por ter a oportunidade de viver melhor. E peço a este mesmo Deus, para que proteja aqueles que sempre optam pelo trabalho para sobreviver, em especial ao senhor das essências e ao adolescente dos chicletes.

Falcão, o craque do salão


Era uma sexta-feira imprevisível. Ainda não sabia o que me esperava. Quando de repente fiquei sabendo. Às 14 horas eu tinha que estar no aeroporto. A pauta era entrevistar o craque Falcão, maior artilheiro da seleção brasileira de futsal, ao todo são 294 gols. Ele chegou e eu me aproximei. Aos poucos a entrevista foi ganhando forma. Além de ótimo jogador, ele fala muito bem. Gesticula pouco, mas fala muito.

Rendeu uma boa matéria, o assunto a Copa do Mundo de 2010. Para Falcão, depois do Brasil, a Argentina é a principal favorita ao título do Mundial da África. Ele também elogiou o atacante Messi, mas foi certeiro ao dizer que torce muito pelos seus amigos que estão na Seleção e que confia em Dunga, apesar de sentir a ausência de Neymar e Ganso, ambos do Santos.

A sexta-feira passou e o sábado chegou. Às 18 horas um novo encontro com Falcão. Ele, que joga no Jaraguá, veio ao Estado para disputar, em Vila Velha, um Desafio de Futsal, contra a Seleção Capixaba. E foi uma goleada. Com todo respeito aos meus conterrâneos, foi lindo de ver. Falcão driblou, deu chapéu, lençol, fez gol... Fez tudo. O time capixaba até deu trabalho, saiu na frente e fez ótimas jogadas, mas o Jaraguá tinha Falcão.

E ele gostou de tudo. Do dia, do jogo, dos fãs e do lugar.
"Nós só somos ídolos por causa dos fãs. Estou muito feliz por este momento. Espero voltar outras vezes ao Espírito Santo, quem sabe fazer deste evento anual".
E para a alegria dos capixabas e deixo um pedido: volte Falcão e venha com os seus dribles.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O futebol e suas emoções



A escola Mauro Braga, no bairro Santa Teresa, em Vitória era humilde, mas bem acolhedora. Com o passar dos minutos, uma gritaria surgia no fundo. Vozes de crianças já anunciavam como seria a manhã. Elas aguardavam a chegada do zagueiro vascaíno Thiago Martinelli. Capixaba, nascido e criado em jardim da Penha, ele estava de folga na sua terra natal, já que o Brasileirão está em recesso em função da Copa do Mundo. O motivo da visita era um bate-papo com cerca de 100 alunos sobre sua história de vida. Assim que Thiago entrou na quadra, a gritaria que estava só ao fundo tomou conta de todo ambiente. Tímido, ele conseguiu contar para as crianças a importância do futebol na sua vida. Elas ficaram quietas, impressionadas com pequena palestra, mas foi só acabar o bate-papo, que a emoção tomou conta delas. Thiago virou alvo. Foram abraços, fotos, autógrafos, até que ele sentou em uma cadeira e uma fila foi formada. A ideia era dar um autografo por vez. Deu certo. Mas na hora de ir embora o zagueiro vascaíno encontrou uma marcação dura. O assédio dos alunos foi tão grande que ele não conseguiu sair, nem com a ajuda dos seguranças do colégio. Para despitar, ele ficou dentro da escola, enquanto as crianças o aguardavam eufóricas do lado de fora. A hora passava e nada delas desistirem. A vontade era de ficar mais perto do jogador. Por fim, ele teve que driblar mais uma vez a marcação e seguir em frente, brincalhão Thiago falou: “Pegaram até na minha bunda”. Parecia que a passagem daquele jogador era o dia mais importante dos alunos da escola Mauro Braga. O futebol mexe com a vida das pessoas, crianças ou adultos. E hoje, com a estreia do Brasil, contra a Coreia do Norte, na Copa do Mundo, mais uma série de emoções vai começar. Que venha o hexa, e que a alegria do futebol continue na minha vida

domingo, 6 de junho de 2010

Que Dunga seja o mesmo


Em maio de 2009, eu tive a oportunidade de entrevistar Romário. O craque, o baixinho, o parceiro de Bebeto, na conquista do tetracampeonato mundial, em 1994. Era uma sexta-feira. Cheguei à redação por volta das 13 horas. Entre as pautas lá estava: “Vamos tentar falar com Romário, que chega hoje ao Estado para disputar um desafio de futevôlei entre Rio de Janeiro e Espírito Santo”. Na hora, como de costume, fiquei desesperada. E agora? Se eu não consegui? Me dei mal. Mas pow, era o Romário. Ele mesmo, Romário. Fiz várias ligações e nada. Até que recebi a informação de ele chegaria ao aeroporto de Vitória, às 21 horas. Combinei o horário com o Foratini, fotógrafo da coluna social Paulo Octavio.

Aeroporto vazio. Claro. O horário da chegada dele não tinha sido divulgado no jornal. Só estavam uns cinco fãs e o “assessor” capixaba do peixe. Ai ele me disse: “Oh, o Romário não vai falar aqui no aeroporto não. Estamos indo para Mata da Praia. Lá está tendo uma festa pra ele. Segue o carro, que lá ele fala”. Já eram quase 23 horas. Fomos. Chegamos. Cinco minutos se passaram e lá vem ele. Baixinho heim. Mais do que eu imaginava. Careca? Com olheira? Nossa, nosso craque ta velhinho. Como ele é baixinho. Sou maior que ele.

Mão na cintura e três beijinhos. Mesmo “velho”, Romário continua um galanteador. Simpático, respondeu todas as perguntas, sem titubear. Inclusive me falou o que eu sempre ouvia e lia nas suas entrevistas, mas o que eu sempre quis ouvir dele mesmo, frente a frente, como ali: Eu: Romário, quem foi seu melhor parceiro em campo no futebol? Ele: Bebeto. Continuamos o assunto. Por fim, ele me pergunta: “Você não é daquele tipo de imprensa que se me encontrar numa boate com uma mulher vai me dedurar né? Eu respondi: “Que isso? Claro que não!” Na mesma noite, ele foi para Casa Clube (boate). Foratini fotografou tudo. Na matéria, relatei tudo. Ele não bebe álcool, mas continua sim o galanteador. Nos dois dias seguintes, fiz a cobertura do peixe no desafio de futevôlei.

Sou fã, mas esperava mais. Romário não era o mesmo de 1994. Pelo menos pra mim. Chegou atrasado e no dia mais importante, da final, estava de mau humor e sem dormir. Já o Dunga, este sim parece ser o mesmo, de mau humor, ou não. E se for o mesmo, que dá época de capitão, que venha o hexa, porque esta seleção de 2010 é muito parecida com a de 1994, que não era unanimidade entre a torcida. Somos 190 milhões de técnicos, de torcedores, com uma só vontade. Dunga será questionado do início ao fim, com título, ou não. Em 94, já esperávamos 24 anos sem gritar é campeão. Em 2010, já são oito anos, não precisamos esperar mais, nem o Dunga.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Velha infância, velhos amigos!


Um muro. Um pé de goiaba. Uma cadela chamada Magali e outra chamada Zuca... A negona. Vamos pra escola? Sim. Então vamos passar lá na casa de Brunella, Breno, Kelendinho e Bruno. Ah, chama o Gustavo também. Por muitos anos esta foi a minha deliciosa rotina. Estudávamos à tarde. Brunella, Gustavo e eu éramos da mesma sala, que ainda contava com Luciana, a Lunny, melhor amiga da Bunny e com o Blene. Tudo começou na quarta-série.

Depois da época da escola, veio o cursinho e em seguida a faculdade. Já tínhamos amigos, que não eram da nossa sala, mas que diariamente, independente da hora, se reuniam em frente da casa de muro baixo e do pé de goiaba. Era comum escutar os gritos de Dona Tânia: "Breno entra agora" ou: "Breno a cozinha ainda está suja" ou a mais comum: "Breno abaixa o som". Ah, como eu sinto saudades.

Terça-feira (25 de maio) eu voltava do médico e passava em frente a este local, que antes era uma casa tão amada e hoje é um prédio de poucos andares. Deu um aperto no coração. Mais pra frente a antiga casa do Gustavo, ele não está mais lá. Foi vendida também. E logo ao lado, a ex-casa do André. Onde nossos verões eram realizados com as festinhas à noite. Onde os murais de fotos e a filmadora eram os protagonistas. Onde os famosos aniversários de André Freire, com a tradicional feijoada, eram realizados.

Ai o coração apertou mais ainda. Ficou do tamanho de um grão. Que saudade. Éramos os melhores amigos do mundo, como ainda somos hoje. Mas éramos inocentes, sem compromissos, felizes e com o coração sem sofrimentos. Tínhamos o Fúbas por perto o tempo todo, as inúmeras despedidas de Marquinhos, as idas e vindas mais frequentes de Tatu, as piadas em frente a Flash Vídeo e a expectativa para o reveillon do camping. Que saudade. Infelizmente o tempo não volta. Infelizmente não vivemos do passado, mas felizmente podemos construir o futuro, um futuro cheio de amor e amizade.

Como costumo dizer, eu tenho os melhores amigos do mundo, e eles são vocês. Passa ano, entra ano. Novos trabalhos, novos amores, novos medos, novos desejos, novos rumos, novos sonhos, mas os amigos são velhos, velhos e amados amigos. Hoje, dia 28 de maio é aniversário da Brunella, 28 anos e 18 anos de amizade, não por coincidência ao passar pela sua antiga casa meu coração apertou de saudade, mas sorriu de alegria, afinal de contas os melhores amigos são os meus.